O Governo do Rio Grande do Norte anunciou, nesta semana, um reajuste de 4,83% nos salários dos servidores estaduais. Apesar da divulgação ser tratada como um avanço pela gestão estadual, o índice está muito aquém das perdas acumuladas pelo funcionalismo público nos últimos anos — especialmente em meio à inflação crescente e à defasagem histórica dos salários.
O reajuste foi confirmado pela Secretaria de Estado da Administração (Sead) durante reunião com representantes de sindicatos e associações. Porém, o próprio Sindicato dos Trabalhadores do Serviço Público da Administração Direta do RN (Sinsp) criticou o atraso na aplicação do aumento, que pela lei sancionada pela governadora Fátima Bezerra (Lei nº 778/2025), deveria ter sido implantado desde o dia 1º de abril.
Além disso, o Governo sequer apresentou uma data definitiva para o pagamento dos novos valores. Ou seja: mesmo com o anúncio, os servidores seguem na incerteza.
Outro ponto que gerou indignação foi a falta de transparência e organização por parte do Governo. A gestão estadual pediu que os próprios sindicatos e os setores de Recursos Humanos dos órgãos públicos revisem contracheques e encaminhem documentos para tentar evitar erros. Ou seja: a responsabilidade de conferir os cálculos do reajuste — que deveria ser uma obrigação do Estado — está sendo repassada aos trabalhadores e suas representações.
“O Governo reconhece a dívida com os servidores, atrasa a implementação do reajuste e ainda joga sobre os sindicatos a responsabilidade de fiscalizar os cálculos. É uma inversão de papéis inaceitável”, destacou a presidente do Sinsp, Janeayre Souto.
A sindicalista também alertou que o reajuste só saiu após intensa pressão da categoria e que continuará acompanhando a publicação oficial no Diário Oficial do Estado. Caso o Governo descumpra o que foi acordado, a entidade já adiantou que irá acionar a Justiça.
Por enquanto, o anúncio do reajuste parece mais uma tentativa de conter críticas do que uma real valorização dos servidores públicos. Na prática, o índice de 4,83% está longe de recuperar o poder de compra dos trabalhadores do RN, que enfrentam, ano após ano, o descaso e o desrespeito da gestão estadual.