Mais de 100 mil pessoas já ficaram sem energia no Rio Grande do Norte em 2025 por causa do furto de cabos elétricos. Mas uma nova arma promete virar o jogo contra esse tipo de crime: uma tinta invisível com nanotecnologia que marca o cobre para sempre.
A chamada “tinta inteligente” já está sendo usada pela Neoenergia Cosern, empresa responsável pela distribuição de energia no estado. Ela é transparente, mas contém micropartículas que se fixam quimicamente ao cobre — mesmo que o material seja derretido ou triturado. Na prática, é como dar um DNA próprio aos fios da rede elétrica.
“Isso garante que, mesmo que tentem revender ou esconder o material, a gente consiga provar que ele é nosso”, explica Juliana Araújo, supervisora da Neoenergia.
Municípios mais afetados recebem a tecnologia primeiro
Os primeiros cabos a receberem a tinta estão em Mossoró, Tibau, Grossos, Areia Branca, Porto do Mangue, Macau e Guamaré — justamente os municípios mais prejudicados com esse tipo de crime.
Só nos quatro primeiros meses deste ano, 110 mil potiguares ficaram sem energia por causa de furtos, que duram em média nove horas. O prejuízo financeiro para a companhia já passa dos R$ 24 milhões.
Cobre na mira dos ladrões, alumínio como alternativa
Além da tinta rastreável, outra estratégia tem sido usada: substituir o cobre por cabos de alumínio, que têm menos valor no mercado clandestino. Um exemplo é a linha de alta tensão entre Areia Branca e Mossoró, que teve 9 km de cobre trocados por alumínio em 2024. Agora, a troca segue na linha entre Macau e Guamaré.
Ao todo, a substituição dos cabos nas quatro linhas mais visadas do estado deve custar R$ 30,7 milhões.
Regulamentação tenta frear comércio ilegal
Desde setembro de 2024, empresas que compram e vendem cabos e sucatas metálicas no RN precisam estar registradas na Polícia Civil e emitir comprovantes de compra e venda. A medida busca dificultar o escoamento do material furtado no mercado ilegal.
O crime em números
Em 2024, o estado registrou 1.678 ocorrências de furto de cabos, um salto de 30% em relação ao ano anterior. Foram levadas cerca de 49 toneladas de cobre — deixando 529 mil pessoas no escuro, mais que o dobro de 2023.