Há dois anos e dois meses, eu luto para provar que não cometi um crime. Um crime que nunca existiu. Um crime que destruiu minha vida.
Fui acusado, sem nenhuma prova, de violência psicológica contra a mãe do meu filho. Mesmo após anos de separação, mesmo sem um boletim, sem um laudo, sem um testemunho concreto. Nada. E mesmo assim, fui jogado na vala comum da Lei Maria da Penha, marcado como agressor — sem julgamento, sem defesa, sem chance.
Não há uma decisão judicial que me impeça de ver meu filho. Nenhuma. Mas já faz um ano e um mês desde o último abraço. Não tenho notícias dele. Não sei como está na escola. Não sei se anda feliz. Não sei se está se alimentando direito. Não ouço sua voz. E isso está acabando comigo por dentro, todos os dias.
Na vara da família, há laudos — oficiais, assinados por técnicos do próprio Judiciário — que apontam claramente o que está acontecendo: alienação parental. Uma mãe que decidiu me apagar da vida do nosso filho, usando a mágoa como arma, a justiça como escudo e o silêncio como estratégia.
Já procurei o Ministério Público duas vezes. Fui ao Conselho Tutelar. Fui à Delegacia de Proteção à Criança. Implorei diante de um juiz para que olhassem para os documentos, os vídeos, os áudios, os prints de conversa que provam não apenas a minha inocência, mas o risco real que meu filho corre ao viver longe do pai.
Mas sou invisível. Porque sou homem. Porque o sistema pré-julga. Porque, para muitos, pai é sempre o culpado e mãe é sempre a protetora.
Minha saúde mental está em ruínas. Meus familiares estão devastados. Meus recursos financeiros foram drenados com advogados, perícias, petições. Tudo em nome de algo que deveria ser garantido pelo Estado: o direito de um pai conviver com seu filho.
Mas agora o que me resta é o medo. Medo real. E não é força de expressão.
Recentemente, fui informado por alguém próximo da existência de um “plano” para me tirar do caminho. Para me destruir de vez. Para me apagar da vida do meu filho de forma definitiva. Um plano para me matar, assim, com todas as letras e acabar com qualquer possibilidade de reconstrução de vínculo.
Hoje eu ando pelas ruas olhando por cima do ombro. Evito rotinas. Tenho medo até de dormir. Porque agora, além da injustiça, carrego o peso de uma ameaça real à minha vida.
E mesmo assim, legalmente, não posso fazer mais nada.
Essa é a realidade de muitos pais neste país: a de serem acusados sem provas, afastados sem sentença, destruídos sem chance de defesa. A de viverem o luto de filhos vivos. A de serem assassinados em vida pelo silêncio de quem deveria proteger a infância e a verdade.
Eu não sou perfeito. Mas sou pai. E sigo sendo, mesmo que me neguem isso. Mesmo que me invisibilizem. Mesmo que me julguem sem provas. Mesmo que me matem.
A pergunta que me atormenta todos os dias é: o que mais eu posso fazer, além de resistir? Ou será que, agora, só me resta esperar que o pior aconteça?
Por que o Judiciário falha em garantir o direito à convivência familiar?
A morosidade e a ineficácia do Judiciário em casos de alienação parental e falsas acusações na Lei Maria da Penha são reflexo de problemas estruturais, culturais e institucionais que ainda persistem no Brasil. Entre os principais motivos, destacam-se:
1. Cultura jurídica ultrapassada
O sistema ainda enxerga o homem, em muitos casos, como agressor em potencial e a mulher como vítima absoluta, mesmo sem provas robustas. Isso inviabiliza uma análise equilibrada e baseada em evidências, especialmente em disputas familiares.
2. Inércia processual e ausência de prioridade
Casos envolvendo crianças e suspeitas de alienação parental demoram meses ou anos para avançar, mesmo havendo previsão legal de celeridade. Enquanto isso, laços afetivos são destruídos de forma irreversível.
3. Despreparo técnico de operadores
Juízes, promotores e defensores, muitas vezes, não possuem formação específica em dinâmica familiar, psicologia infantil ou alienação parental, o que compromete diagnósticos e decisões justas.
4. Sistema punitivo desequilibrado
A Lei Maria da Penha é essencial para proteção das mulheres, mas vem sendo usada indevidamente em algumas disputas de guarda, servindo como instrumento de vingança e não de justiça. Sem a exigência de provas sólidas, muitos pais são tratados como culpados antes mesmo de serem ouvidos.
5. Falta de fiscalização efetiva
Mesmo diante de laudos técnicos que atestam a alienação parental, o Judiciário se mostra omisso. As consequências recaem sobre a saúde mental dos pais afastados e o bem-estar psicológico das crianças.
E agora, quem protege esse pai?
Se um pai apresenta provas concretas, denuncia risco à vida, recorre a todos os meios legais possíveis — e mesmo assim nada é feito…
O que mais ele pode fazer? Esperar morrer para que o Judiciário reaja?
Até quando o sistema vai falhar em seu dever de proteger não só as mães, mas também os pais e, principalmente, as crianças?