A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou nesta terça-feira (22/4) o primeiro medicamento no Brasil indicado para o tratamento dos sintomas iniciais da doença de Alzheimer.
Trata-se do Kisunla (donanemab), desenvolvido pela farmacêutica Eli Lilly. O remédio é voltado para pacientes com Alzheimer em estágio inicial, com comprometimento cognitivo leve ou demência leve. Aprovado nos Estados Unidos em 2023, o donanemabe agora passa a integrar as opções terapêuticas disponíveis no país.
Segundo a fabricante, o medicamento é um anticorpo monoclonal que atua diretamente na proteína beta-amiloide, responsável por formar placas no cérebro de pessoas com Alzheimer. Ao se ligar a essa proteína, o donanemabe ajuda a reduzir os aglomerados, retardando a progressão da doença.
O tratamento é administrado por infusão intravenosa mensal, com doses iniciais de 700 mg e, posteriormente, 1.400 mg mensais. A versão aprovada pela Anvisa é apresentada em ampolas de 20 mililitros, e seu uso é restrito a prescrição médica. A agência informou ainda que a segurança e eficácia do medicamento continuarão sendo monitoradas com rigor.
Estudo internacional embasou a aprovação
A decisão da Anvisa foi baseada em um estudo clínico internacional realizado em oito países, com a participação de 1.736 pacientes em estágio inicial da doença. Após 76 semanas de tratamento, os resultados mostraram que os pacientes que usaram o donanemabe tiveram uma progressão significativamente menor da doença em comparação com o grupo placebo.
Contraindicações e efeitos colaterais
Apesar dos avanços, o medicamento não é indicado para todos os pacientes. Ele é contraindicado para pessoas que fazem uso de anticoagulantes como a varfarina, além de pacientes diagnosticados com angiopatia amiloide cerebral. O uso também não é recomendado para portadores do gene ApoE ε4, associado a um risco maior de efeitos adversos.
Os efeitos colaterais mais comuns incluem reações à infusão, como febre, dor de cabeça e sintomas semelhantes aos da gripe.
A importância do diagnóstico precoce
O Alzheimer é uma doença neurodegenerativa progressiva que afeta a memória, o raciocínio e a capacidade de realizar tarefas cotidianas. Embora mais comum em pessoas acima dos 70 anos, também pode surgir precocemente, a partir dos 30 anos — quadro conhecido como Alzheimer precoce.
Nos estágios iniciais, é comum o paciente apresentar esquecimentos simples, como onde deixou as chaves ou o que comeu recentemente. Outros sintomas incluem desorientação, dificuldade para tomar decisões, perda de interesse por atividades rotineiras, mudanças de comportamento e repetição de frases ou ações.
Entenda o Alzheimer
De acordo com o Ministério da Saúde, o Alzheimer ocorre quando há falhas no processamento de proteínas no sistema nervoso central. Isso gera fragmentos tóxicos que se acumulam entre os neurônios, especialmente nos locais ligados à memória e ao pensamento, como o hipocampo e o córtex cerebral.
A doença é a forma mais comum de demência em idosos e representa mais da metade dos casos diagnosticados. Embora a causa exata ainda não seja conhecida, fatores genéticos parecem ter um papel significativo.