Em meio a denúncias que vêm abalando o sistema de crédito consignado do INSS, aposentados revelam ter sido filiados, sem autorização, ao Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos da Força Sindical (Sindnapi) ao contratar empréstimos em agências ligadas ao banco BMG.
O Sindnapi tem como vice-presidente Frei Chico, irmão do presidente Lula. A entidade está sob investigação da Polícia Federal no escândalo dos descontos indevidos nas aposentadorias, tema da Operação Sem Desconto.
Segundo relatos, a filiação era embutida nos trâmites do empréstimo consignado, resultando em descontos mensais sem que muitos aposentados sequer soubessem que faziam parte do sindicato. Auditorias apontam que o Sindnapi foi uma das entidades que mais arrecadou nesse esquema entre 2019 e 2024, com um salto de faturamento de R$ 100 milhões. O sindicato nega as irregularidades e afirma ter provas das autorizações de seus filiados.
“Nunca autorizei nada”, diz aposentado
José Luiz Gregório, de 63 anos, descobriu a filiação ao sindicato ao consultar extratos no INSS. “Nunca fui filiado, nem sabia o que era esse sindicato. Isso foi feito para tirar meu dinheiro”, disse.
Embora inicialmente tenha perdido o processo, José conseguiu reverter a decisão na Justiça. O Tribunal de Justiça da Bahia determinou o cancelamento da filiação e a devolução dos valores, entendendo que não ficou comprovada sua autorização clara para entrar na entidade.
BMG, mensalão e consignados
O BMG, velho conhecido dos noticiários desde o escândalo do mensalão, é autorizado pelo INSS a operar empréstimos com desconto em folha. A atuação do banco nessa nova polêmica reacende debates sobre a segurança e transparência na concessão de crédito para aposentados.
Apesar das denúncias, o Sindnapi defende que suas filiações são voluntárias e realizadas com registro em áudio, fotos e sem vínculo com o processo de crédito consignado. A entidade afirma ainda que oferece benefícios como seguro, assistência funerária e serviços residenciais, principalmente durante a pandemia.
A “farra dos consignados” já resultou na queda do ministro da Previdência, Carlos Lupi, e do presidente do INSS, Alessandro Stefanutto. As investigações da PF e da CGU continuam e prometem novas revelações sobre o esquema que pode ter afetado milhares de segurados.
O BMG não se pronunciou até a publicação desta matéria. O espaço segue aberto.