Bolsonaro lidera novo ato na Avenida Paulista em defesa da anistia aos condenados do 8 de Janeiro

Foto: Aline Ribeiro/ Agência O Globo

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a mobilizar sua base política neste domingo (31), em um grande ato realizado na Avenida Paulista, em São Paulo. O evento teve como principal objetivo pressionar o Congresso Nacional pela aprovação da anistia aos condenados pelos atos golpistas de 8 de Janeiro de 2023.

Ao lado de governadores, parlamentares, líderes religiosos e familiares de presos, Bolsonaro criticou duramente o Supremo Tribunal Federal (STF) e pediu que o Congresso agilize a tramitação da proposta de anistia. Segundo o grupo “Monitor do Debate Político”, da USP, cerca de 44,9 mil pessoas participaram da manifestação.

Foto: Edilson Dantas/Agência O Globo

Aliados reforçam pressão por anistia

O ato teve forte presença de figuras da direita nacional e de governadores aliados de Bolsonaro, como Ratinho Jr. (PSD-PR), Romeu Zema (Novo-MG) e Ronaldo Caiado (União-GO) — que não estiveram no último evento do ex-presidente, realizado no Rio de Janeiro. Também marcaram presença o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e o pastor Silas Malafaia, que ajudou a organizar a manifestação.

Durante os discursos, o coro por “anistia já” se tornou o principal símbolo do protesto. Tarcísio de Freitas chegou a liderar os gritos ao lado de Bolsonaro, direcionando a pressão principalmente ao presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), que tem resistido em colocar a proposta em votação.

Família de presos ganha protagonismo

Uma das principais estratégias de Bolsonaro no evento foi dar voz e visibilidade a familiares dos condenados. Ele discursou ao lado da mãe de Débora Rodrigues dos Santos, condenada pelo STF a 14 anos de prisão após pichar com batom a frase “perdeu, mané” na estátua da Justiça, em Brasília.

Bolsonaro voltou a atacar o ministro Alexandre de Moraes, relator do caso, e classificou a pena de Débora como absurda.

“Só um psicopata pode dizer que o que aconteceu em 8 de janeiro foi uma tentativa armada de golpe militar”, disse o ex-presidente.

A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro também subiu o tom emocional, questionando o rigor das penas aplicadas aos manifestantes e citando o caso de Adalgiza Maria Dourado, de 64 anos, condenada a 16 anos de prisão, que, segundo Michelle, está com a saúde fragilizada.

Pressão direta sobre deputados

O líder do PL na Câmara, deputado Sóstenes Cavalcanti (RJ), afirmou que já possui 162 assinaturas em apoio à tramitação da proposta de anistia, mas que ainda busca outras 95 para atingir o número necessário. Ele prometeu divulgar nas redes sociais os nomes e fotos dos deputados que não assinarem o requerimento.

Outros líderes do PL, como Altineu Cortes, também cobraram publicamente representantes de diferentes partidos a se posicionarem favoravelmente à anistia. Governadores e líderes do União Brasil, Republicanos, Novo, PSD e PP declararam apoio à proposta durante o evento.

O pastor Silas Malafaia foi o único a citar diretamente o nome de Hugo Motta, cobrando que o presidente da Câmara permita o avanço da PEC da Anistia.

“Motta, você está envergonhando o povo da Paraíba. Mude sua postura”, disparou Malafaia.

Ataques ao STF e promessa de Bolsonaro 2026

O ato também foi marcado por críticas ao STF. O deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) atacou os ministros Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso, acusando-os de perseguirem a direita.

Mesmo inelegível até 2030, Bolsonaro foi exaltado por aliados como “único candidato” da direita para 2026. Valdemar Costa Neto, presidente do PL, reforçou essa ideia.

“Vamos lutar pela anistia, mas tenho certeza que Bolsonaro ainda será candidato”, disse Valdemar.

Ao final, Michelle Bolsonaro chamou os filhos de Bolsonaro ao palco e, ao lado do marido, liderou o grito: “Anistia Humanitária Já!”

Fonte: O Gobo

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