A manhã desta quarta-feira (11) foi marcada por forte mobilização dos servidores da saúde pública de Parnamirim, na Grande Natal. Em ato organizado pelo Sindicato dos Trabalhadores em Saúde do RN (Sindsaúde-RN), a categoria cruzou os braços por 24 horas e realizou uma manifestação em frente à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Nova Esperança — a única do município.
A paralisação também afetou o funcionamento dos postos de saúde, interrompendo serviços essenciais como vacinação, aplicação de injetáveis e troca de curativos. A interrupção escancarou ainda mais o descaso da Prefeitura com a saúde pública e seus trabalhadores.
Essa é a primeira de três paralisações já aprovadas em assembleia da categoria, com as próximas datas previstas para os dias 18 e 23 de junho. Neste último, uma nova assembleia poderá aprovar greve por tempo indeterminado, caso a gestão da prefeita Nilda Cruz (Solidariedade) continue ignorando as reivindicações.
A pauta da mobilização inclui pagamento de gratificações, progressões funcionais e licenças para capacitação, todas suspensas por um decreto da prefeita no início do ano. Os profissionais denunciam também seis anos sem reajuste salarial.
Além da questão salarial, os servidores denunciam déficit de pessoal, sobrecarga de trabalho, estruturas precárias nas unidades de saúde e assédio moral. A Prefeitura, segundo o sindicato, tem virado as costas para os profissionais e para a população que depende do SUS.
O clima de tensão entre a categoria e a gestão municipal vem se agravando desde janeiro, quando um decreto de “contenção de despesas” cortou benefícios como gratificações, plantões, horas extras, diárias e licenças. A justificativa da Prefeitura foi um suposto “baixo saldo financeiro herdado”, alegação que os servidores questionam duramente, apontando falta de transparência nas contas públicas e ausência total de diálogo.
A única concessão feita até agora, após intensa pressão sindical, foi a revogação da prática de férias sem remuneração.
Moradores que aguardavam atendimento na UPA se aproximaram da manifestação para expressar apoio aos trabalhadores e relatar o sofrimento diário para conseguir atendimento básico. “Falta tudo: material, profissionais e respeito com quem precisa da saúde pública”, afirmou uma moradora presente.
Até a publicação desta matéria, a Prefeitura de Parnamirim e a Secretaria Municipal de Saúde (Sesad) não haviam se pronunciado.