Demora nas obras da Ponte de Igapó gera transtornos, revolta e prejuízos milionários à população

Com 19 meses de serviços iniciados e uma promessa de entrega agora empurrada para maio de 2025, a reestruturação do Complexo Viário da Ponte Presidente Costa e Silva — conhecida popularmente como Ponte de Igapó — se arrasta e continua penalizando diariamente os moradores da zona Norte de Natal. Enquanto o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) insiste que o cronograma está “dentro do previsto”, a população sofre com longos congestionamentos, atrasos e prejuízos que já ultrapassam os R$ 17 milhões mensais, segundo estimativa da própria Prefeitura de Natal.

Iniciadas em setembro de 2023 com orçamento original de cerca de R$ 20,8 milhões, as obras já ultrapassaram os R$ 30 milhões, revelando não apenas o atraso, mas também um aumento considerável nos custos. A previsão inicial de conclusão era janeiro de 2025 — agora, a liberação total do tráfego só deve ocorrer em maio do mesmo ano, estendendo a intervenção para 20 meses de transtornos à cidade.

Embora o DNIT alegue que os pagamentos estão sendo feitos regularmente e que tudo segue conforme o contrato, o cenário nas ruas é outro: motoristas enfrentam diariamente engarrafamentos na ponte que conecta a zona Leste à região mais populosa da cidade, a zona Norte. O impacto se agrava considerando que a estrutura nunca havia passado por uma grande intervenção desde sua construção — uma parte em 1970 e outra em 1985 —, o que levanta questionamentos sobre a falta de manutenção preventiva ao longo das décadas.

A situação se tornou tão crítica que a própria Prefeitura entrou na Justiça pedindo a mudança do canteiro de obras para permitir melhor fluidez do tráfego, chegando a sugerir alternativas viáveis como passarelas flutuantes e escadas de acesso. Porém, o DNIT se recusou, alegando questões logísticas e de segurança — inclusive mencionando a presença de facções criminosas na área. A Justiça, por sua vez, decidiu a favor do órgão federal, mesmo diante do argumento da Prefeitura de que o bloqueio da via tem causado um prejuízo social estimado em R$ 17,9 milhões por mês.

Enquanto isso, nenhuma das medidas sugeridas para amenizar os impactos sociais da obra foi colocada em prática. A liberação parcial de faixas fora do horário de serviço, por exemplo, poderia minimizar os congestionamentos, mas foi ignorada. A omissão em adotar medidas paliativas expõe a falta de sensibilidade com os cidadãos que dependem diariamente da travessia para estudar, trabalhar e acessar serviços essenciais.

O projeto, que integra o Programa de Manutenção e Reabilitação de Estruturas (PROARTE) com recursos do Orçamento Geral da União, inclui restaurações estruturais, melhorias na acessibilidade e implantação de uma ciclovia. No papel, tudo parece bem planejado. Mas na prática, o que a população vê é um descaso com o direito de ir e vir, além da ausência de uma estratégia que equilibre a execução da obra com a qualidade de vida dos natalenses.

O que deveria ser uma reestruturação para melhorar a mobilidade urbana virou um símbolo da morosidade administrativa, com prazos estendidos, custos elevados e, sobretudo, um alto custo humano e social que poderia ter sido reduzido com mais planejamento, diálogo e respeito à população.

Fonte: Tribuna do Norte

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