Durante a entrega do primeiro trecho do Ramal do Apodi, no Sertão da Paraíba, nesta quarta-feira (28), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez um discurso carregado de simbolismo e emoção ao defender a importância da transposição do Rio São Francisco. Em tom pessoal, afirmou:
“Deus deixou o sertão sem água porque ele sabia que eu ia ser presidente da República e que eu ia trazer água para cá.”
A cerimônia aconteceu em Cachoeira dos Índios, como parte das ações do Novo PAC, com foco em infraestrutura hídrica no Nordeste. Lula também assinou, mais cedo, ordem de serviço para ampliar as obras da transposição em quatro estados, durante visita a Salgueiro, em Pernambuco.
Lula relembrou as dificuldades enfrentadas na infância e disse que apenas alguém que viveu a seca e carregou água na cabeça com sete anos de idade poderia entender a importância da obra. Ele reforçou que a decisão de levar adiante o projeto foi “a mais importante” de sua vida política, destacando que a promessa de levar água ao sertão já durava 179 anos.
Críticas e tom de campanha
No mesmo dia, Lula criticou governos anteriores e subiu o tom político durante a cerimônia em Salgueiro (PE). Sem citar nomes diretamente, alfinetou o ex-presidente Jair Bolsonaro, referindo-se a ele como alguém que “só sabia mentir” e viver em um “gabinete do ódio”.
“A gente não pode votar em qualquer tranqueira para governar esse país. […] Esse país não pode mais sofrer o retrocesso que nós sofremos nos últimos seis anos”, afirmou Lula, em fala que soou como prévia de campanha.
Embora ainda não tenha anunciado oficialmente se disputará a reeleição em 2026, aliados consideram provável que Lula entre na disputa por um quarto mandato, quando terá 80 anos. Ele é, até o momento, o nome mais forte do PT para a corrida presidencial.
Maior obra hídrica da América Latina
A transposição do São Francisco é considerada a maior obra de infraestrutura hídrica da América Latina, lançada oficialmente em 2007, após décadas de debates. O objetivo é levar água a regiões historicamente afetadas pela seca no Nordeste.
“Somente alguém que passou fome e carregou pote d’água na cabeça entende o que essa obra significa. É por isso que eu não tenho pescoço, de tanto carregar água”, brincou Lula, misturando emoção com bom humor no discurso.
Fonte: G1