Uma iniciativa inédita nos Estados Unidos promete mudar a forma como a ciência encara a extinção. A empresa de biotecnologia Colossal Biosciences anunciou um feito histórico: conseguiu trazer de volta à vida o lobo terrível (Aenocyon dirus), espécie que desapareceu da Terra há cerca de 12.500 anos.
Considerado um dos maiores predadores da Era do Gelo, o lobo terrível ganhou uma nova chance graças a anos de pesquisas envolvendo engenharia genética, clonagem e reconstrução de DNA antigo.
Filhotes criados a partir de DNA fossilizado
De acordo com a Colossal, foram gerados três filhotes do animal pré-histórico a partir do material genético extraído de um dente com 13 mil anos e de um crânio com 72 mil anos. Os cientistas usaram como base células de lobos cinzentos — espécie viva mais próxima do lobo terrível — e realizaram alterações genéticas até atingir um híbrido com as principais características do animal extinto.
“Pegamos o DNA do passado e o transformamos em vida novamente. Temos agora filhotes saudáveis de lobo terrível”, afirmou Ben Lamm, CEO da Colossal Biosciences.
Projeto foi mantido em segredo
Embora a empresa já fosse conhecida por projetos ambiciosos — como a tentativa de reviver o mamute lanoso e o dodô —, o experimento com o lobo terrível foi mantido em sigilo até agora.
Os novos filhotes vivem em uma área de 2.000 acres em local não revelado, equipado com segurança de padrão zoológico, drones, câmeras e monitoramento 24 horas. O espaço foi certificado pela American Humane Society e registrado no Departamento de Agricultura dos Estados Unidos.
Alterações genéticas precisas
Para recriar o lobo terrível, os cientistas realizaram 20 edições genéticas em 14 genes, responsáveis por características físicas marcantes, como a pelagem branca, os pelos longos e a mandíbula reforçada. Os embriões foram implantados em cadelas de grande porte, que serviram como mães de aluguel.
O resultado foi o nascimento de dois machos em outubro de 2024 e uma fêmea em janeiro de 2025.
“Esses filhotes possuem genes que os fazem se parecer muito com o lobo terrível original. Isso é extraordinário do ponto de vista científico”, destacou Love Dalén, professor de genômica evolutiva da Universidade de Estocolmo, que participou da análise genética do projeto.
Debate ético
Apesar do avanço tecnológico, o experimento gera controvérsia. Críticos apontam que os recursos destinados à desextinção poderiam ser melhor utilizados na preservação de espécies ameaçadas que ainda existem. Também há preocupações com o bem-estar dos animais utilizados como hospedeiros e com o impacto ecológico de eventuais reintroduções desses híbridos na natureza.
O professor Christopher Preston, especialista em filosofia ambiental da Universidade de Montana, reconhece os cuidados adotados pela Colossal, mas alerta para os desafios futuros. “É difícil imaginar lobos terríveis vivendo soltos em ambientes onde já enfrentamos dificuldades para preservar os lobos cinzentos”, observou.
Próximo passo: salvar espécies ameaçadas
Segundo a Colossal, o trabalho com o lobo terrível servirá como base para futuras ações de conservação. A empresa já aplicou técnicas semelhantes para gerar ninhadas de lobos vermelhos, espécie ameaçada de extinção.
E os planos não param por aí. O projeto mais ambicioso segue firme: reintroduzir mamutes em ecossistemas até 2028 — um sonho que, depois do lobo terrível, parece cada vez mais próximo de se tornar realidade.