Enquanto pai lutava por guarda, bebê era espancado e morto: Justiça se omitiu

Axel Guilherme, um bebê de pouco mais de um ano, morreu no dia 6 de maio após dias internado com sinais claros de agressão brutal. Antes disso, seu pai, Alex Eugênio, travou uma batalha desesperada e frustrada contra um sistema judiciário que, mais uma vez, optou por ignorar sinais de alerta em nome de um automatismo cruel: a falsa premissa de que estar com a mãe é sempre o melhor para a criança.

Não foi por falta de aviso. Alex tentou duas vezes obter a guarda do filho, amparado por provas de negligência da mãe e do envolvimento direto da família paterna no cuidado e sustento da criança. Ambas as solicitações foram negadas pelo Judiciário cearense, que sequer considerou os sinais de perigo iminente — preferindo aguardar “audiências de conciliação” e “trâmites legais” enquanto Axel era entregue, dia após dia, a um ambiente de violência e abandono.

No sábado, 3 de maio, no bairro Vicente Pinzón, o inevitável aconteceu. Axel foi levado às pressas para o Hospital Geral de Fortaleza com hematomas por todo o corpo, fratura no crânio, hemorragia interna e parada cardiorrespiratória. Ele agonizou por três dias, até não resistir. O padrasto, de 25 anos, confessou ter agredido a criança. A mãe, de 20 anos, que já havia se mostrado omissa, lavava roupas enquanto o filho sofria espancamento — segundo a versão dos envolvidos.

Ambos foram presos no hospital no sábado. O homem teve a prisão convertida em preventiva; a mãe, no entanto, foi libertada por decisão judicial, apesar da gravidade dos fatos. Uma ironia amarga, dado que foi justamente a proteção a esse vínculo maternal que custou a vida de Axel.

A advogada da família paterna, Gessica Maia, revelou que o primeiro pedido de guarda foi feito ainda em dezembro de 2024. A Justiça o negou em fevereiro de 2025. Mesmo após a mãe não comparecer à audiência marcada em abril, novo pedido foi negado. Um terceiro pedido de urgência foi apresentado no dia 5 de maio — um dia antes da morte do menino.

“É dilacerante. Você ver seu filho entubado, sem reação, é uma dor que eu não desejo nem ao meu pior inimigo”, disse o pai, Alex Eugênio, em entrevista à TV Verdes Mares.

Só no dia 7 de maio, um dia após a morte do bebê, o Ministério Público deu parecer favorável à guarda paterna. Tarde demais. O Estado agiu — mas apenas para formalizar o fracasso.

Em nota, o Tribunal de Justiça do Ceará tentou se eximir de responsabilidade, afirmando que “não houve demora” e que os pedidos foram rejeitados por falta de provas de que a criança corria perigo com a mãe. O mesmo Judiciário que exige laudos e pareceres para agir parece incapaz de reconhecer que negligência e omissão também matam — silenciosamente, até que seja tarde demais.

O caso de Axel é mais um entre tantos que expõem a falência de um sistema que insiste em enxergar apenas a figura da mãe como porto seguro, mesmo diante de denúncias, ausências e indiferença. O que mais precisa acontecer para que o “melhor interesse da criança” seja mais do que uma frase de efeito nos tribunais? Axel clamou por socorro com hematomas, fraturas e silêncios. O Judiciário respondeu com papelada.

E agora, quem responde por isso?

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