Funcionários de uma entidade investigada por envolvimento em fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) relataram ter sido vítimas de práticas abusivas por parte da organização. Além de denúncias de descontos indevidos em benefícios previdenciários, os trabalhadores afirmam ter sofrido pressão psicológica, atrasos salariais e desvio de funções.
A entidade em questão está entre as investigadas na operação “Sem Desconto”, deflagrada pela Polícia Federal e pela Controladoria-Geral da União (CGU), que apura um esquema de descontos não autorizados em aposentadorias e pensões. Estima-se que cerca de 9 milhões de beneficiários tenham sido afetados, com prejuízos que podem ultrapassar R$ 8 bilhões.
De acordo com relatos, os funcionários eram instruídos a realizar ligações para aposentados e pensionistas, oferecendo benefícios e serviços que, na prática, resultavam em descontos automáticos nos pagamentos mensais dos segurados. Muitos desses trabalhadores afirmam que não tinham conhecimento da ilegalidade das práticas e que também foram vítimas, sofrendo descontos em seus próprios salários.
A investigação revelou que a entidade utilizava acordos de cooperação técnica com o INSS para legitimar os descontos, mesmo sem a devida autorização dos beneficiários. Além disso, a CGU identificou que a biometria facial, exigida pela Dataprev desde 2024 para validação de descontos, não estava sendo cumprida, permitindo que novos descontos fossem incluídos sem validação completa.
O escândalo levou ao afastamento do então presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, e à demissão do ministro da Previdência, Carlos Lupi. A operação “Sem Desconto” resultou na apreensão de bens de luxo, incluindo veículos e joias, e no cumprimento de mandados de prisão e busca e apreensão em diversos estados.
As investigações continuam, e a expectativa é de que novas informações sobre o envolvimento de outras entidades e indivíduos sejam divulgadas nas próximas semanas.
Fonte: Metrópoles