A deputada federal Erika Hilton (Psol-SP) se posicionou nas redes sociais nesta quinta-feira (29/5) em defesa do funkeiro MC Poze do Rodo, preso sob suspeita de apologia ao crime e ligação com a facção criminosa Comando Vermelho. Para a parlamentar, a detenção é mais um reflexo de um sistema seletivo e injusto, que criminaliza corpos negros e periféricos.
“Quando PMs são presos por estuprar uma jovem dentro da viatura, a Justiça Militar absolve. Quando um juiz comete violência doméstica, é ‘punido’ com aposentadoria. Quando um ex-presidente tenta um golpe de Estado, tem deputado que quer prender quem ousa investigá-lo”, declarou Erika, em uma crítica ao que considera um padrão duplo de justiça no país.
Segundo ela, a prisão de Poze “não tem nada a ver com os crimes pelos quais ele é acusado” e seria apenas “mais uma forma de um sistema extremamente corrupto e criminoso colocar a culpa em alguém”. A deputada ainda classificou o tratamento dado ao artista como “desumano”.
“Desumanizar, estampar nos jornais a cara do mais novo culpado de tudo, e assim projetar nos negros, nas favelas e nas periferias todos os pecados do mundo”, concluiu.
Prisão e suspeitas
MC Poze do Rodo, nome artístico de Marlon Brendon Coelho Couto, foi preso no Rio de Janeiro. As investigações apontam para uma possível relação do artista com o Comando Vermelho. Segundo a polícia, ele teria se apresentado em festas organizadas por membros da facção no Complexo do Alemão e na Cidade de Deus. Há suspeitas de que os shows estariam sendo usados para lavagem de dinheiro do tráfico.
Poze, que já afirmou publicamente ter sido envolvido com o tráfico de drogas no passado, nega as acusações. Sua equipe divulgou uma nota alegando perseguição e apontando falta de provas concretas.
A prisão do artista gerou grande repercussão nas redes sociais, com manifestações de fãs, artistas e ativistas. Em algumas penitenciárias, presos chegaram a pedir sua libertação com o grito: “Liberdade para o paizão”.
A investigação segue em curso, enquanto o debate sobre seletividade penal, racismo estrutural e a criminalização da cultura periférica volta ao centro das discussões públicas.