Na quinta-feira (23/5), o governo federal anunciou duas medidas importantes para tentar colocar as contas públicas em ordem. A ideia é simples: gastar menos e arrecadar mais, evitando que a dívida do país cresça demais e afete a economia — como os preços e a inflação.
1. Corte de R$ 31,3 bilhões no orçamento
A primeira medida foi o congelamento de R$ 31,3 bilhões do orçamento de 2025. Ainda não foi divulgado quais áreas terão os recursos travados, mas o anúncio está previsto para a próxima semana. Parte desse valor será usada para cumprir a meta de economia do governo e outra parte para respeitar o limite de gastos estabelecido pelo novo arcabouço fiscal.
2. Aumento do IOF: mais imposto sobre operações financeiras
A segunda medida foi o aumento de impostos, especialmente o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras). A mudança começa a valer já nesta sexta-feira (24/5) e deve render R$ 20,5 bilhões para o governo em 2025 e R$ 41 bilhões em 2026.
Com isso, ficam mais caras as compras no exterior com cartão de crédito, envio de dinheiro para fora do país e algumas operações financeiras em empresas e cooperativas.
O que muda no IOF?
Confira os principais aumentos:
- Investimentos em VGBL: alíquota de 5% para quem aplicar mais de R$ 50 mil por mês.
- Cartão internacional e cheques-viagem: IOF sobe de 3,38% para 3,5%.
- Compra de moeda estrangeira e envio de dinheiro ao exterior: sobe de 1,1% para 3,5%.
- Saída de dinheiro do país em operações não especificadas: passa de 0,38% para 3,5%.
- IOF para empresas: de 1,88% ao ano para 3,95%.
- Simples Nacional (até R$ 30 mil): de 0,88% ao ano para 1,95%.
- Cooperativas com crédito acima de R$ 100 milhões por ano: de 0% para 3,95%. Cooperativas rurais seguem isentas.
- Prazo para crédito de curto prazo: reduzido de 1.080 para 360 dias — o que aumenta o IOF de 0% para 3,5%.
Governo recua após críticas
O governo também havia anunciado o aumento do IOF para investimentos em fundos no exterior, mas voltou atrás poucas horas depois, mantendo a alíquota em 0%. A decisão veio após críticas do mercado financeiro, que viu o aumento como um possível controle de capitais — o que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, negou.
“Não temos problema em corrigir a rota, desde que o objetivo maior — de fortalecer a saúde fiscal do Brasil — seja mantido”, disse Haddad.
Reação do mercado
Após o anúncio, o dólar, que estava em queda, voltou a subir e fechou em R$ 5,66. A bolsa de valores (Ibovespa), que chegou a subir durante o dia, fechou com queda de 0,44%. Na manhã de sexta-feira, tanto dólar quanto bolsa abriram em alta.
Por que o governo teve que congelar gastos?
Dos R$ 31,3 bilhões congelados, R$ 20,7 bilhões são para atingir a meta fiscal, e os outros R$ 10,6 bilhões são para cumprir o limite de gastos do novo arcabouço fiscal. O motivo principal é um aumento inesperado de R$ 12,4 bilhões nos gastos obrigatórios — como salários e aposentadorias — que acabou exigindo cortes em outras áreas.
Um dos fatores para esse aumento, segundo o governo, foi a taxa de juros, que está hoje em 14,75% — o maior patamar em duas décadas.
Fonte: BBC