O inusitado encontro de um jacaré à beira-mar na turística praia de Genipabu, em Extremoz, na manhã desta terça-feira (6), provocou espanto em moradores e turistas, mas também escancarou um problema recorrente: a pressão sobre os ecossistemas da Grande Natal e o descaso com a fiscalização ambiental.
O animal, um jacaré-de-papo-amarelo — espécie típica da região — apresentava ao menos dois ferimentos, um deles na cabeça. Segundo os bombeiros, ele foi capturado e encaminhado para seu habitat natural. A suspeita é de que tenha saído da Área de Proteção Ambiental (APA) de Jenipabu em busca de alimento, ou, como acreditam os técnicos da APA, tenha sido arrastado por correntes marítimas após se aproximar da faixa de mangue durante a maré baixa.
Especialistas não descartam outras possibilidades, como a migração forçada por alterações ambientais. Segundo o biólogo Will Pessoa, a espécie tem ocorrência natural em áreas como Genipabu, Maxaranguape e boa parte do litoral potiguar — o que reforça que o aparecimento do animal é menos uma anomalia e mais um reflexo da crescente sobreposição de zonas urbanas e turísticas sobre áreas naturais sem o devido controle.
O caso evidencia a urgência de fortalecer as políticas de preservação e monitoramento ambiental no Rio Grande do Norte, especialmente em locais sensíveis que, além de abrigar fauna nativa, recebem grande fluxo turístico. Enquanto isso não acontece, a fauna silvestre segue dando sinais de alerta — muitas vezes, literalmente, à beira-mar.