O empresário Eli Correa Pinheiro, proprietário do tradicional restaurante Frango na Brasa, em Mato Grosso, perdeu a vida nesta segunda-feira (26) após um trágico capotamento na MT-351, conhecida como Estrada do Manso. O que parecia mais um acidente de trânsito ganhou contornos dramáticos e perturbadores: minutos antes da colisão, Eli gravou um vídeo de despedida denunciando uma falsa acusação que, segundo ele, destruiu sua vida.
No vídeo publicado nas redes sociais, visivelmente emocionado e abalado, Eli afirma ter sido vítima de uma armação por parte da esposa, Érica Gisele, com quem conviveu por 25 anos. O empresário alegou que uma medida protetiva expedida contra ele, com base em uma suposta ameaça que ele nega veementemente ter feito, o afastou de sua casa, de seus filhos e do restaurante que levou uma vida inteira para construir.
“Fui traído pelos três. Entrei no álcool, errei, mas nunca ameacei ninguém. Fizeram algo muito feio hoje. Mentiram para a Justiça, e ela acreditou. Não acredito mais na Justiça, por isso estou indo embora”, desabafou Eli em sua gravação.
Eli também acusou um antigo amigo da família, Yuri Rondon, de envolvimento com sua esposa e de tramar, supostamente, para tomar seus bens e seu negócio. Para ele, a falsa denúncia foi parte de um plano para retirá-lo completamente de cena. “O Yuri arquitetou minha morte. Me tiraram tudo com uma mentira”, declarou.
A medida protetiva concedida contra Eli seguiu o rito previsto na Lei Maria da Penha, que não exige provas materiais no momento da denúncia para o afastamento imediato do suposto agressor. Nessas situações, não há presunção de inocência para o homem, que é sumariamente afastado do lar, do convívio com os filhos e de qualquer ambiente frequentado pela denunciante — tudo com base apenas na palavra da mulher. Mesmo diante da ausência de provas, muitos homens enfrentam um verdadeiro calvário jurídico, lutando desesperadamente para provar sua inocência. No entanto, o sistema judicial é lento, e esse processo pode se arrastar por meses ou até anos, durante os quais o acusado permanece afastado da própria vida.
Minutos após a publicação do vídeo, Eli perdeu o controle de seu Jeep Compass, colidiu com uma barreira e capotou fora da pista. Ele morreu ainda no local. As autoridades investigam o caso, mas não descartam a hipótese de suicídio, motivado pelo desespero causado pelas consequências da medida judicial.
O episódio gerou forte repercussão nas redes sociais, levantando debates sobre a necessidade de mecanismos mais rigorosos para a apuração de denúncias antes da concessão de medidas protetivas. Especialistas alertam que, embora a Lei Maria da Penha seja fundamental na defesa da mulher, seu uso indevido pode gerar tragédias como a de Eli.
O caso reacende uma discussão delicada, mas necessária: como equilibrar a proteção das vítimas reais com a prevenção de abusos legais que podem arruinar vidas inocentes?
Eli Correa Pinheiro era um nome respeitado, conhecido por seu carisma e empreendedorismo. Sua morte deixa uma série de questionamentos sobre os limites e responsabilidades no uso da legislação de proteção.