A quarta-feira (4) começou caótica em Natal. Com os ônibus urbanos presos nas garagens e as paradas lotadas, teve passageiro esperando por transporte que simplesmente não veio. A greve dos rodoviários começou com força total e, até o início da manhã, só os ônibus intermunicipais e semiurbanos estavam circulando.
A Justiça do Trabalho determinou que 70% da frota de ônibus fosse mantida durante a paralisação. Mas, segundo o presidente do sindicato dos rodoviários (Sintro), Júnior Rodoviário, a decisão deixou muitas dúvidas no ar. Ele afirma que a ordem judicial não deixou claro quais ônibus deveriam rodar, o que dificultou a operação.
“Boa parte da frota que circula em Natal são os chamados ‘carros diretos’, que só têm um motorista e não podem ser substituídos. Então, não dá pra contar esses veículos como parte da frota que deveria estar em circulação”, explicou Júnior.
Segundo ele, a frota atual é de 320 ônibus, mas 160 desses são carros diretos, ou seja, sem revezamento possível. “A base da decisão deveria ser essa, e não a frota total. Não se trata de 70% dos que quiserem trabalhar, mas sim dos que podem trabalhar”, completou.
A liminar, pedida pelo Seturn (Sindicato das Empresas de Transporte), ainda prevê multa diária de R$ 25 mil em caso de descumprimento. Assinada pela desembargadora Isaura Maria Barbalho Simonetti, a decisão foi divulgada na última sexta-feira (30).
Outro ponto de conflito apontado pelo Sintro é a falta de orientação por parte da STTU (Secretaria de Mobilidade Urbana de Natal). De acordo com o sindicato, a pasta ainda não indicou quais linhas deveriam operar durante a greve nem distribuiu os adesivos que identificam os ônibus de “linha de emergência”.
Enquanto isso, os trabalhadores seguem com o direito de cruzar os braços garantido. “Estamos aqui para garantir que ninguém seja coagido – nem por patrão, nem por polícia, nem por STTU. O direito à greve é legítimo e está na Constituição”, reforçou Júnior Rodoviário.
A boa notícia é que a frota de ônibus semiurbanos está operando normalmente – um alívio, mesmo que pequeno, para quem precisa se deslocar pela cidade.
Fonte: Tribuna do Norte
