Entre promessas de desenvolvimento e a dura realidade enfrentada por quem vive no Rio Grande do Norte, o Estado alcançou um novo recorde: arrecadou, entre 1º de janeiro e 8 de abril de 2025, nada menos que R$ 7,9 bilhões em impostos — o maior volume desde 2004. Os dados são do Impostômetro da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) e revelam um aumento de 8,2% em relação ao mesmo período do ano passado.
Na prática, porém, esse crescimento bilionário da arrecadação estadual contrasta com a percepção da maioria dos potiguares: paga-se cada vez mais, mas os serviços públicos continuam precários, as estradas esburacadas, a saúde em crise e a segurança deixando a desejar.
Os números mostram que, desde 2004, quando o RN arrecadou R$ 710 milhões no mesmo período, o crescimento foi quase ininterrupto, com exceção de 2020, ano de pandemia. De lá pra cá, o ritmo de alta se intensificou. Em 2021 foram R$ 5,1 bilhões; em 2023, R$ 6 bilhões; agora, em 2025, o salto chega a R$ 7,9 bilhões.
Especialistas apontam que parte dessa arrecadação se deve a grandes empresas — principalmente do setor de energia eólica — que pagam tributos federais e estaduais. No entanto, a maior parte do peso dos impostos continua recaindo no bolso do cidadão comum, seja diretamente, nos preços dos produtos, ou indiretamente, embutido em praticamente tudo que se consome.
“O problema é que o povo paga muito imposto e vê pouco resultado. A saúde tá um caos, a educação falta estrutura, e segurança pública virou luxo”, desabafa Luan Lázaro, motorista de aplicativo, representando o sentimento de grande parte da população.
Além dos tributos federais como IRPJ, CSLL, PIS e Cofins, o bolo tributário inclui também ICMS (estadual) e ISS (municipal). O resultado é uma carga pesada para o contribuinte, mas que raramente se traduz em qualidade de vida ou melhorias nos serviços públicos.
Evolução da arrecadação no RN (1º de janeiro a 8 de abril)
Ano | Valor arrecadado |
---|---|
2025 | R$ 7,9 bilhões |
2024 | R$ 7,3 bilhões |
2023 | R$ 6 bilhões |
2022 | R$ 5,7 bilhões |
2021 | R$ 5,1 bilhões |
2020 | R$ 4,3 bilhões |
2019 | R$ 5,4 bilhões |
2018 | R$ 4,5 bilhões |
2017 | R$ 4,2 bilhões |
2016 | R$ 3,5 bilhões |
2015 | R$ 3,6 bilhões |
2014 | R$ 3,3 bilhões |
2013 | R$ 3 bilhões |
2012 | R$ 2,8 bilhões |
2011 | R$ 2,4 bilhões |
2010 | R$ 2 bilhões |
2009 | R$ 1,6 bilhão |
2008 | R$ 1,5 bilhão |
2007 | R$ 1,1 bilhão |
2006 | R$ 976 milhões |
2005 | R$ 838 milhões |
2004 | R$ 710 milhões |
O que se vê, portanto, é um RN que arrecada como nunca — mas entrega como sempre.