O caso registrado neste sábado (7), na Zona Norte de Natal, em que uma motociclista agrediu fisicamente um motorista após uma colisão de trânsito, escancara uma triste e preocupante realidade: a ideia equivocada de que algumas mulheres podem agir com violência sem sofrer as consequências proporcionais da lei.
Segundo relato do motorista, que estava acompanhado do filho, ele desceu do carro após a colisão para verificar o que havia acontecido, quando foi surpreendido com um soco no rosto e várias capacetadas. Ele não reagiu e nem poderia. A legislação, a pressão social e o risco de uma acusação de agressão contra uma mulher o colocam numa posição em que o silêncio e a passividade são as únicas saídas. A motociclista, por sua vez, admitiu ter se irritado com o que considerou uma tentativa de “lição de moral” e reagiu com violência física.
A inversão de valores é evidente. E a pergunta precisa ser feita com seriedade: e se fosse o contrário? Se um homem tivesse desferido um soco e capacetadas em uma mulher após um acidente de trânsito, não haveria dúvida da gravidade do caso. Estaríamos falando em manchetes sobre violência contra a mulher, prisão em flagrante e possível aplicação da Lei Maria da Penha.
O problema não está nas leis de proteção às mulheres, que são fundamentais. O problema está no uso distorcido dessa proteção por uma parcela que se vale do gênero para agir com violência ou desequilíbrio, acreditando que o fato de ser mulher automaticamente elimina qualquer responsabilização.
É preciso romper com esse duplo padrão. Violência é violência, parta de quem partir. Nenhuma causa justa se constrói com base na impunidade seletiva. Proteger as mulheres, sim. Mas também garantir que homens, especialmente em situações de evidente autocontrole como esta, não sejam vítimas duas vezes: da agressão e da indiferença da sociedade.
Justiça não pode ter lado. Tem que ter equilíbrio. E respeito precisa ser exigido por todos, de todos.